Uma visita aprofundada ao terreno para visualizar o projeto como um todo

Em setembro de 2019, quando iniciámos as negociações para a compra do terreno, um grupo de nós decidiu visitar o local, com a autorização do proprietário, para fazer uma análise mais aprofundada do seu conjunto. Foram necessários vários dias, pois o terreno é vasto e cheio de pequenas áreas muito diferentes. Imaginámos as posições de cada edifício com precisão, para tentar ter uma visão global do projeto e conseguimos ver um pouco mais claramente como será o projeto quando estiver numa fase mais avançada. Foi muito divertido!

Cada casa foi desenhada num plano e marcada com um GPS, orientada o melhor possível de acordo com as curvas de nível, etc. Foi um trabalho para um verdadeiro arquiteto e topógrafo, que foi feito de forma amadora, para que a visão teórica possa abraçar o terreno, e ser traduzida o melhor possível para a realidade.

Também nos deu a oportunidade de ver o local de uma perspetiva muito diferente, que nos mostrou os potenciais desafios associados aos períodos de seca na região, uma vez que, após um verão muito seco e antes das chuvas de outono, a maior parte da vegetação estava muito seca. No entanto, a água ainda estava presente, nos poços e nas nascentes, o que nos deu um vislumbre do potencial inexplorado do terreno para gerir melhor a humidade no solo.

Foi importante compreender que esta sensação de secura se deve ao tipo de gramíneas que crescem naturalmente no terreno e que, depois da primavera, ao terminar o seu ciclo de crescimento, tornam-se douradas e libertam as suas sementes. Isto deve-se à forma como este tipo de paisagem foi transformado pelo homem desde a industrialização, com a utilização excessiva dos tratores e de algumas alfaias agrícolas.

Um ecossistema saudável é composto por uma grande diversidade de plantas de todos os estratos, e todas elas são necessárias para manter o equilíbrio. Mas, ao longo dos tempos, para promover a produção de cortiça através dos sobreiros, os ecossistemas foram reduzidos ao ponto de se remover qualquer planta ou arbusto que crescesse debaixo dos sobreiros. Durante décadas, os tratores criaram pastagens com muito pouca vegetação debaixo das árvores, e apenas era dada importância às árvores que cresceram muito antes, e que tinham uma produção fácil e a curto prazo. Ao longo destes anos, as árvores jovens que nasciam de forma espontânea foram sistematicamente cortadas, assim como os arbustos, o que empobreceu os solos, que se mantinham vivos pela não suficiente fertilização dos rebanhos. Assim, houve uma redução contínua da vegetação (em quantidade e em diversidade), e uma redução da riqueza do solo, que conduziu a desequilíbrios que tiveram um grande impacto na saúde das árvores existentes. O desafio atual consiste em promover a criação e a recuperação de ecossistemas nestas zonas, com a integração das espécies que foram anteriormente removidas, e que completam o sistema. Para além da plantação de mais árvores e arbustos, uma boa gestão da água (tanto a água do solo como a da chuva) e o aumento do teor de matéria orgânica no solo, entre outras soluções, contribuem largamente para a melhoria dos ecossistemas.

Retomaremos este assunto em breve, pois estão previstas ações específicas sobre este tema.

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