Preparação da primeira grande operação de plantação e de poda de árvores 🌳

Olá a todos e a todas,

Estamos muito satisfeitos por poder partilhar convosco a primeira grande operação prevista no terreno. Assim que fizemos a compra, em abril de 2023, começámos a planear as prioridades do projeto. Sabendo que os trabalhos de recuperação da antiga casa do monte se iriam prolongar por um período mais longo, decidimos, paralelamente, começar com uma operação destinada a preservar o estado da natureza no terreno, e a tentar acelerar a sua regeneração.

De facto, desde o início, a visão foi a de fazer desta terra um espaço verdadeiramente dedicado à natureza. A região tem sofrido muito com métodos agrícolas desadequados, que destruíram muito os ecossistemas. A desertificação está a intensificar-se gradualmente, criando mais erosão, menos chuva e a morte gradual de árvores como o sobreiro e a azinheira. Por outro lado, as alterações climáticas estão a ter um grande impacto nesta região e as chuvas estão a escassear, chegando em períodos curtos e muito intensos, que fazem com que se torne muito difícil a sua infiltração eficaz. Assim, queremos fazer o que está ao nosso alcance para tentar abrandar ou mesmo travar esta espiral descendente, de modo a restaurar um ambiente natural rico e capaz de se regenerar, e a aumentar a quantidade de água infiltrada no solo.

Para isso, em junho de 2023, tivemos ao prazer de conhecer o André Vizinho, um especialista reconhecido em Portugal no tema de regeneração destes ecossistemas. É uma grande vantagem para nós podermos trabalhar com ele e com a sua equipa, pois ele coordena várias ações na região, e isto permite-nos integrar a nossa abordagem numa visão regional e global, que nos permitirá fazer o possível para travar esta tendência negativa e tentar regressar gradualmente a zonas de conservação e de regeneração, ricas em flora e fauna.

Com a ajuda do André, elaborámos um plano de ação para definir as prioridades para restaurar a vitalidade onde ela é mais necessária. Isto foi feito em várias fases, e o André foi várias vezes ao terreno para ter uma ideia melhor da situação atual, para perceber o estado das árvores e da vegetação, e para entender qual o melhor caminho a seguir, e quais as prioridades.

Depois de muita partilha e de diferentes versões, chegámos a um plano de ação composto por 2 partes:

1. A poda das árvores doentes ou enfraquecidas, essencialmente sobreiros e azinheiras, nas zonas mais críticas. Esta poda ajuda a revitalizar as árvores que estão a lutar para se desenvolver. Ao mesmo tempo, aproveitamos para acumular a matéria orgânica resultante da poda na base das árvores, pois ajuda a proteger o solo de temperaturas mais elevadas, melhorando o seu teor em humidade que, consequentemente, equilibra a composição do solo e cria nutrientes que ajudam no crescimento da árvore. Ajuda também a evitar o desenvolvimento de doenças (um desequilíbrio bacteriológico no solo favorece o desenvolvimento de fungos que infetam a árvore). Algumas árvores mortas também precisam de ser cortadas, para acelerar o processo de criação de matéria orgânica para as outras árvores na vizinhança. Mas algumas delas serão deliberadamente preservadas para ajudar a criar pequenos ecossistemas para o desenvolvimento da biodiversidade.

Zona de poda e abate acima da estrada que atravessa a propriedade:

2. Plantação de árvores e arbustos em zonas-chave:

a) Em algumas zonas que foram identificadas como zonas de conservação devido aos seus declives acentuados (tornando-as menos aptas para agricultura) e à proximidade de linhas de água. Estas plantações vão contribuir para aumentar a humidade, a retenção de água e uma melhor infiltração, e vai favorecer o desenvolvimento de verdadeiras zonas de conservação que contribuem para a regeneração da natureza como um todo.

b) Uma zona de plantação diversificada foi planeada para o local em baixo do lago e acima dos eucaliptos, aproveitando a humidade naturalmente presente neste local.

c) Criação de uma barreira natural de árvores e arbustos a norte do lago, numa abordagem sintrópica, para proteger o lago dos ventos dominantes e, assim, reduzir a evaporação do lago. A sintropia é uma abordagem com origem no Brasil, alinhada com o princípio da Agrofloresta, mas trabalha com um traçado linear, que simplifica a sua gestão.

Quase toda a propriedade tem árvores que precisam de ser podadas. Mas começamos de forma gradual. Foi planeada a poda para 10 hectares de terreno.

Diagrama das áreas de conservação (com riscas a verde), da zona abaixo do lago (b) (linha roxa fina) e das linhas de plantação (a) e (c) (linhas amarelas e cor de laranja finas):

É claro que toda esta intervenção tem um custo. Lançámos, então, um apelo especial à comunidade para obter donativos para financiar esta operação (a compra das árvores e a ajuda do André, que teve de passar muitas horas a preparar tudo isto, para além da sua presença, e da sua equipa, durante a operação). Foi um verdadeiro prazer ver que, apesar dos prazos muito apertados, todos quiseram contribuir o possível para tornar esta operação viável. Um grande obrigado a todos por isso 🙏💚.

Só faltava organizar a logística com os voluntários, de preferência pouco antes do inverno, que é a melhor altura para plantar 🌳

Para efetuar a poda e o abate de algumas das árvores mortas, foi necessário fazer pedidos oficiais, uma vez que os sobreiros e as azinheiras são espécies protegidas. Assim, para preparar os pedidos, em agosto de 2023, a Pureza e o Cyrille marcaram todas as árvores a abater com tinta branca (parte essencial do pedido de abate).

Ao mesmo tempo, o André contactou os viveiros da região para começar a reservar as plantas que iriamos necessitar para a grande operação, já marcada para novembro, em colaboração com voluntários da comunidade.

Vemo-nos em novembro para mais aventuras e para a grande operação de plantação e poda! 🌳

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